Serviços de Urgências - Será coincidência?

O encerramento dos serviços de urgência e maternidades no interior coincide com o aparecimento de iniciativas privadas a revelar interesse em abrir hospitais e clinicas que, pasme-se, vão possuir a oferta desses serviços. Se para os privados existem estudos que demonstram a rentabilidade desses serviços, o que significa que existe procura, como é que o estado nos justifica o encerramento dizendo o contrário?!

Já agora, convém reparar que é nas zonas com menor poder de compra e menos alternativas de transporte que o estado fecha os serviços básicos. A estes portugueses, como se já não fosse suficiente terem rendimentos muito inferiores aos do litoral e menos oportunidades, o estado quer que fiquem sem cuidados básicos locais e que suportem os custos e a dificuldade de obter transporte para percorrer várias dezenas de quilometros para aceder a esses mesmos serviços básicos.




Assim, vejamos um exemplo:
se você for um idoso a viver numa localidade interior e sem posses para ter transporte proprio, e a meio da noite se sentir mal, o único que precisa fazer é sair da porta colocar-se na beira da estrada nacional e esperar pelo proximo autocarro ou chamar um taxi. Este pais tem uma magnifica rede de transporte publico, principalmente no interior, assim que o Ministro acredita que você terá inumeras opções.
Além disso, com certeza que a sua doença lhe permitirá esperar algumas horas por esse transporte.

Depois de encontrar um transporte, só terá de pagar percurso até á cidade mais próxima que tenha um hospital com serviços de urgência. De certeza que para a maioria, isso não deverá representar estar a mais de uns 50 km, o que cumprindo os limites de velocidade e conduzindo pelas magnificas estradas do interior não de verá representar mais de 1 hora de viagem (á noite e se não houver gelo) e umas 2 horas se for durante o dia e tiver o azar de apanhar um pesado pela frente.

Depois quando chegar ao Hospital, pague o transporte (se não tiver dinheiro, existem muitas empresas de crédito rápido), mas assegure-se que guarda o suficiente para pagar as taxas moderadoras.

Quando, finalmente for atendido e se entretanto a sua doença não lhe tiver oferecido um futuro bem mais simples. Irão tratar de si assim que chegar a sua vez mas, por favor, não morra nos corredores que depois é uma dor de cabeça para explicar isso à comunicação social, o pais agradecer-lhe-á.

Quando chegar a sua vez, reze para que seja um médico espanhol pois, apesar de não o perceber bem, ele tentará cuidar de si, será simpático e tentará explicar-lhe o seu problema.
Se lhe calhar um médico português, esse estará a pensar que é que está a fazer naquele fim do mundo e que merecia estar num Hospital de Lisboa, você será considerado um chato que lhe veio interromper o momento de autocomiseração, e o seu problema só a ele lhe diz respeito e você deverá seguir as ordens dele sem fazer perguntas pois não é suficientemente inteligente para entender como funciona o seu corpo.

Quando finalmente lhe derem alta, se tiver tido a sorte de sobreviver a tudo isto, só terá de pensar em como regressar a casa. O Ministro aconselha-o a ir a pé, pois isso faz bem à saúde e dar-lhe-á tempo de pensar em como vai pagar as dívidas que entretanto contraíu.

Micromultifuncional

Ó pá, este padre ainda vai ser contratado como responsavel de inovação por uma empresa tecnológica.



Isto é que é um verdadeiro micromultifuncional